Quando iniciei o
projeto de realizar entrevistas com os formadores de opinião no mundo da
Literatura e do RPG, busquei entrevistar os amigos mais próximos, haja vista,
seriam mais solícitos em responder as perguntas, mas nunca imaginei que
conseguiria um material tão interessante e cada entrevista que venho
preparando, fico surpreendido com as lições de vida que os entrevistados expõem,
obrigado a todos...
Para os webespectadores
que estão ansiosos por informações do grande evento literários de Fortaleza – Baião
de Letras – Destaques Literários de 2013, convidando o idealizador e
organizador Sérgio Magalhães para uma entrevista, onde instigamos diversas
informações sobre o evento que será realizado no próximo dia 21/12 (Sábado) às
17h à Livraria Cultura.
Sem mais
delongas, vamos a entrevista...
FILHOS DA GEHENNA (FG): Bem NOVAMENTE vamos
começar com a costumeira pergunta... Quem é Sérgio Magalhães?
Sérgio Magalhães
(SM): Bem, cursei letras na Universidade Federal do Ceará, sou músico amador e
atualmente trabalho como revisor de textos, criador de conteúdo para a Livraria
Feira do Livro e para o site Azilator. Sou ranzinza, amigo pra qualquer hora e
sincero, acima de tudo. Acho que é isso, desculpa galera por ser tão desinteressante,
hehe.
FG: Durante um bom tempo você esteve
presente em eventos de RPG, então há quanto tempo joga RPG?
SM: Cara, comecei
a jogar durante meu 1º ano do ensino médio, e isso faz pouco mais de 10 anos!
Pois é, estou velho. Conheci o jogo quando, um dia na sala de aula vazia, vi
dois caras falando de modo estranho, e me aproximei para ver o que era. Percebi
que um deles estava narrando algo, tipo contação de histórias, e adorei na
hora! E ainda mais era Street Fighter, que eu azilava direto nas locadoras. Fiz
amizade com eles (que são meus amigos até hoje) e desde então tenho jogado e
organizado eventos de RPG por ai.
FG: Podemos dizer que RPG influenciou
o seu gosto por literatura?
SM: Sim,
essencialmente. Porém, um fato interessante sobre minha relação com o RPG foi
que ele, por muito tempo, serviu de tábua de salvação para mim em relação à
minha situação social. Explico, por problemas financeiros, minha família acabou
tendo que ir morar em um dos bairros mais perigosos de Fortaleza. Nesta
condição, tive contato com muita gente boa, mas também com muitas mazelas
sociais inerentes aos espaços mais humildes das grandes cidades. Por muito
tempo, vi amigos envolvidos com criminalidade, morte, pobreza, falta de
educação/preparação profissional, dentre várias outras coisas. Embora nunca
tenha tomado o “caminho errado”, cresci em um local cercado por isso, e graças
à estrutura da minha família, e dos amigos que fiz por conta do RPG, eu
consegui vencer a influencia destes problemas que me cercavam, e conquistar
muita coisa boa. Por isso, enxergo o RPG como bem mais que um jogo, mas como
algo capaz de mudar vidas realmente, por meio de seu potencial imenso e
transformador.
FG: O que tem jogado atualmente?
Mantém algum grupo regular?
SM: Nos últimos
tempos andei narrando Dragon Age RPG (Jambô Editora). Infelizmente o tempo não
tem permitido manter um grupo regular, mas espero mudar essa situação em breve.
FG: Quem você admira no atual cenário
do RPG em Fortaleza – CE?
SM: Quanto a essa
pergunta vou me abster de falar de grupos e suas qualidades e defeitos. Acho
que em qualquer esfera as coisas são feitas por pessoas, e é nelas que vou me
focar aqui. Antes de citar nomes, devo dizer que admiro, em relação ao RPG,
quem senta na mesa de jogo e narra, se diverte, vibra, e tem prazer de estar
com seus jogadores contanto histórias e derrotando monstros. Pode parecer
redundante falar isso mas, acredite, nem sempre isso acontece com quem se
destaca no cenário rpgístico. Em Fortaleza tem muita gente que segue esse
conceito que falei acima, e os admiro demais por isso. Posso destacar os amigos
Stênio, Arusha, Erivas e você (Daniel), que são pessoas que, independente de
hora, local e pessoas, vão aos espaços e narram, sem se preocupar com outras
coisas que deveriam estar distantes do jogo, mas que insistem em se manter
junto dele.
FG: E quem você admira no atual mundo
literário em Fortaleza – CE?
SM: Falando em
temos de literatura temos muitas pessoas que, por mais que trabalhem com outros
segmentos, sempre fazem questão de incluir a literatura em suas iniciativas.
Isso para mim é mais que louvável. Citando nomes, aconselho que procurem o Iradex, do PH Santos e Gabriel
Franklin; Toca-CE/InTocados, dos
amigos Rodrigo Passolargo, Anderson Thiago e uma porrada de gente mais; Loucamente Louca Mente do Fabrício
Machado; Biblioluv da Jéssica
Fontenele; Modo Meu do Dyego Cruz e Cabine do Tempo do Samuel Santos. Como
disse, a maioria trata também de outros assuntos, mas tem uma abordagem
literária excelente.
FG: Qual o seu gênero literário
preferido?
SM: Rapaz, não
poderia deixar de ser a boa e velha fantasia medieval. Desde que li Tolkien, o
estilo ganhou meu coração e nenhum outro gênero nunca chegou nem perto de
ameaçar essa paixão. Curto pra caramba outros estilos, mas fantasia é
recorrente em minhas leituras.
FG: Qual o seu livro de cabeceira?
SM: Muitos, hehe.
Na verdade como leio sempre, minha cabeceira sempre tem um livro novo, mas se
fosse escolher um para ficar ali sempre à mão, seria Silmarrilion, do professor
Tolkien.
FG: Atualmente quais livros estão no
seu TOP 5?
SM: 1 - O Senhor
dos Anéis (representando toda obra de Tolkien), 2 - Guerra dos Tronos (em nome
de toda A Crônica de Gelo e Fogo), 3 - O Nome do Vento, 4 – Últimos Dias de
Krypton e 5 – Eragon (representado todo o Ciclo da Herança).
FG: Como foi o seu envolvimento com o
grupo Azilator?
SM: Quando sai do
grupo o qual fazia parte, senti uma necessidade muito grande de conseguir um
local onde pudesse expor meus textos. Tenho necessidade de criar conteúdo, nem
que ninguém leia. Por algum tempo pensei em criar algo próprio, mas não tinha
recursos nem conhecimento técnico para tal. Foi daí que pensei no Azilator.
Desde que conheci o site sou fã pra caramba, e achei que poderia ajudar o site
a crescer ainda mais, em um segmento não explorado até então, que era a
literatura. Conversei com os caras, Joel Suke e Neto Maru, negociamos, e pouco
tempo depois estava contribuindo com o Azila, o que considero mais um sonho
realizado.
FG: Conte-nos sobre a sua coluna
semanal do Baião de Letras?
SM: Pois é,
quando entrei no Azilator, vinha lendo muito e queria produzir conteúdo
relacionado á isso. Planejando com os caras do site, chegamos ao consenso que
seria legal ter uma coluna semanal, com nome e conceitos próprios. Passei uma
semana pensando e algum tempo depois entrava no ar o Baião de Letras, mais precisamente
em Maio desse ano.
Quando comecei
tinha duas pretensões bem claras; lançar sem falhas novos textos toda segunda
feira (o que vem se mantendo ao longo de 2013), e conseguir em um ano algum
reconhecimento como crítica literária. Bem, em relação ao reconhecimento, logo
nos primeiros meses fomos elogiados, e divulgados por autores como Raphael
Draccon, Fábio Barreto, Carolina Munhoz, Leonel Caldela, André Vianco e Paulo
Coelho!
Embora esse
reconhecimento seja importante, algo ainda mais legal vou receber a reposta de
centenas de pessoas dizendo que voltaram a ler com mais frequência por causa do
Baião, isso não tem preço.
FG: Você tem apresentado boas resenhas
no AzilaComix e no Bójogá, podemos dizer que esses são seus novos hobbies no
momento?
SM: Sim, com
certeza. Nunca fui muito ligado em quadrinhos, mas há pouco tempo comecei a
colecionar encadernados, especialmente da DC, e fiquei com uma baita vontade de
escrever sobre. Na época, o responsável pela coluna AzilaComix no Azilator
andava meio ausente por uns problemas pessoais, e então assumi por enquanto o
espaço. Embora não seja algo tão recorrente quanto a literatura, venho gostando
muito de escrever, e aprender mais sobre esse universo.
O BóJogá é um
espaço dedicado aos cardgames e Jogos de Tabuleiro. Desde meu antigo grupo já
escrevia sobre isso, desta forma, foi natural continuar produzindo sobre. Ainda
mais agora que não venho jogando tanto RPG, ou escrevendo sobre.
FG: Tem produzido excelentes textos
para o site da Livraria Feira do Livro, como começou com esta parceria?
SM: Minha
parceria com a Livraria Feira do Livro é muito antiga. A galera nova certamente
não sabe, mas fui eu quem começou a organizar os encontros de RPG lá, vindo
depois á ser ajudado pelo grupo que hoje organiza os jogos no espaço. Por isso,
sempre tive uma relação de amizade e respeito com a proprietária e todos os
funcionários da livraria. Porém, o interessante é que comecei a trabalhar lá
por causa do Baião de Letras. Vendo que eu vinha produzindo conteúdo sobre
literatura, a proprietária da loja, Mileide Flores, me convidou para cuidar da
parte escrita do site, além de fazer outras pequenas coisas. Desde então venho
exercendo essa função, e estamos bem felizes com o resultado. Os índices do
site da loja andam cada dia maiores e ganhando mais relevância no meio
literário.
FG: Qual a maior dificuldade em
realizar e manter tantas colunas mensais?
SM: Na verdade a
maioria das colunas que escrevo são semanais, hehe. Por exemplo, o Baião de
Letras sai toda segunda religiosamente, enquanto isso, publico dois textos em
média no site da Feira do Livro, além do AzilaComix que é quinzenal, e o BóJogá
mensal. Ou seja, tenho que escrever todo dia. Quanto à dificuldade, acho que
nem se trata de algo relacionado à palavra propriamente dita. Escrever tanto
exige paixão pelo que se faz, constante renovação, no caso lendo livros e
artigos sobre literatura, e dedicação – o que é o mais difícil para a maioria
das pessoas. Algo que me deixa irritado quando se relaciona a criação de
conteúdo é referente à clássica desculpa “não tenho tempo para escrever”. Pura
mentira! Na verdade o que ocorre é falta de vontade. Cansei de escrever de
madrugada, no intervalo entre um trabalho e outro, domingo bem cedo, ou seja,
com determinação e vontade o trabalho anda, pode confiar.
FG: Qual foi o primeiro evento de Literatura
que participou como membro do Azilator, sentiu alguma diferença em relação aos
eventos de RPG?
SM: Foi o
Geekontro desse ano, evento organizado por uma galera bem bacana que sempre
promove ações nerd/geeks na Livraria Cultura. A principal mudança que senti foi
em relação á não estar organizando o evento; papel que exerci quase sempre nos
eventos que participei. Mas existe sim uma diferença, embora pequena. Galera de
evento de literatura é mais engajada, em geral. Público de RPG, na maioria, vai
ao local, joga e depois nem lembra que o jogo existe (lembre que disse a
maioria, não todos). Galera da literatura lê constantemente, acompanha as
novidades, escreve; ou seja, bem mais inteirada no meio.
FG: As parcerias com as Editoras foram
fáceis de conseguir?
SM: Não,
principalmente por ainda sermos um espaço novo. Acho que as editoras querem
longevidade para confiar em um meio para parcerias; além de acessos, claro, mas
isso o Azilator tem de sobra. Na verdade nossa prova de fogo será agora no
inicio do ano, quando abrem as inscrições para parcerias com as editoras, ai
sim vamos ver o quanto o Baião tem força.
FG: Comente sobre os preparativos do
Baião de Letras – Destaques Literários de 2013?
SM: Esse é o
primeiro evento físico do Baião e não poderia estar mais feliz por ele.
Primeiro, por ter reunido uma galera super bacana ao redor dessa iniciativa,
segundo, por dar o pontapé inicial para muita coisa boa que vem por ai. Já
tenho muita experiência em organização de eventos, embora possa aprender muito
ainda, mas apesar do esforço, vem tudo correndo bem.
FG: O que podemos esperar para o Baião
de Letras – Destaques Literários de 2013?
SM: Bom, o evento
reúne três leitores bem participativos na cena literária, ou redes sociais do
ceará: Rodrigo Passolargo (Toca-CE/InTocados), Gabriel Franklin (Iradex) e Joel
Suke (Azilator). O intuito no evento é que cada um deles aponte 3 obras cada
que causaram alguma mudança social ou editorial no Brasil esse ano. Ao longo
destas indicações, vamos apontando fatos e curiosidades que mexeram com a vida
do leitor, e como mercado livreiro nacional.
FG: Quais os futuros projetos de
Sérgio Magalhães e qual o futuro do Baião de Letras?
SM: Quanto ao
Baião devemos ter muitas novidades esse ano, mas ainda não posso adiantar muita
coisa. Algo que quero fazer é premiar mais os leitores, seja por parceria com
editoras ou do meu bolso mesmo. Quero retribuir de alguma forma à atenção que
eles me dão toda semana. Sobre outros projetos, devo escrever para outros sites
ainda este ano, mas nada confirmado ainda.
FG: Para encerrar, quero agradecer por
ceder essa entrevista para o Blog Filhos da Gehenna e pessoalmente estou ansioso
para participar do Baião de Letras – Destaques Literários de 2013. Deixe um
convite para os webespectadores comparecerem ao evento.
SM: Eu que
agradeço a atenção e o espaço cedido. E vocês leitores não deixem de comparecer
neste sábado, dia 21/12 às 17h, na Livraria Cultura em Fortaleza (Av. Dom Luiz
1010, Meireles), bater um papo bacana sobre literatura, e ainda concorrer à
super brindes! Vejo vocês lá...Abração
O Grande Convite
O Baião de Letras, coluna de literatura do Azilator convida aos
amantes da literatura de Fortaleza, e além fronteiras, para bater um papo
conosco sobre os destaques literários em 2013.
Desta forma, esperamos vocês para, no próximo dia 21/12 (Sábado)
às 17h à Livraria Cultura, discutir junto aos convidados Joel Suke (Azilator),
Gabriel Franklin (IRADEX.net) e Rodrigo Passolargo (Toca CE) e Sérgio Magalhães
(mediando), sobre tudo o que de bom, e ruim, ocorreu em nosso meio literário.
Além de conferir a indicação de livros que fizeram a diferença em nosso mercado
no corrente ano.
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Autor: Jan Piertezoon
A Mente maléfica por trás da criação do Blog Filhos da Gehenna, (ir)responsável pela narração da atual crônica do blog apresentado no podcast. Aficcionado por jogos de interpretação, onde o sistema preferido para as minhas crônicas é o Storyteller & Storytelling. Um colecionador de livros de RPG e um grande consumidor de podcast. RPG Mainstream ou Indie não importa, jogo todos!!!
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